Mata Atlântica |
Este bioma
ocupa uma área de 1.110.182 Km², corresponde 13,04% do território
nacional e que é constituída principalmente por mata ao longo da costa
litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A Mata
Atlântica passa pelos territórios dos estados do Espírito Santo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina, e parte do território do estado de Alagoas,
Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
A Mata Atlântica apresenta uma variedade de formações, engloba um
diversificado conjunto de ecossistemas florestais com estrutura e
composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as
características climáticas da região onde ocorre.
Cerca de 70% da população brasileira vive no território da Mata Atlântica, as nascentes e mananciais abastecem as cidades, esse é um dos fatores que tem contribuído com os problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.
A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à da Amazônia. Os animais mais conhecidos da Mata Atlântica são: Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara.
Cerca de 70% da população brasileira vive no território da Mata Atlântica, as nascentes e mananciais abastecem as cidades, esse é um dos fatores que tem contribuído com os problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.
A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à da Amazônia. Os animais mais conhecidos da Mata Atlântica são: Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara.
História
Logo em seguida ao descobrimento, grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como "Terra Brasilis", ligando o nome do país à exploração dessa madeira avermelhada como brasa.
Outras madeiras de valor também foram exploradas até a
beira da extinção: tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.
Os
relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada,
apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas. A
Mata Atlântica fez parte da inspiração utópica para o renascimento do
mito do paraíso terrestre, em obras como as de Tommaso Campanella e
Bacon.
No nordeste
brasileiro a extinção foi quase total, o que agravou as condições de
sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo rural só
comparados às regiões mais pobres do mundo.
Nesta
região, seguindo a derrubada da mata, vieram as plantações de
cana-de-açúcar mais ao sul na região sudeste, foi a cultura do café a
principal responsável pela destruição em massa da vegetação nativa,
restando uma área muito pequena para a preservação de espécies que estão
em risco devido a poluição ambiental ocasionada pela emissão industrial
de agentes nocivos à sua sobrevivência como por exemplo no município de
Cubatão S.P.; mais ao sul na região sul a exploração predatória da Mata
Atlântica devastou o ecossistema da Floresta das Araucárias devido ao
valor comercial da madeira pinho extraída da Pinheiro-do-paraná.
Floresta virgem às margens do rio Paraíba do Sul retratada por Rugendas cerca de 1835. |
Além
da exploração predatória dos recursos florestais, houve também um
significativo comércio de exportação de couros e peles de onças (que
chegou ao preço de um boi), antas, cobras, capivaras, cotias, lontras,
jacarés, jaguatiricas, pacas, veados e outros animais, de penas e plumas
e carapaças de tartarugas.
Ao longo da história, personagens como José Bonifácio de Andrada e
Silva, Joaquim Nabuco e Euclides da Cunha protestaram contra esse modelo
predatório de exploração.
Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão
territorial brasileira está totalmente destruída. Do que restou,
acredita-se que 75% está sob risco de extinção total, necessitando de
atitudes urgentes de órgãos mundiais de preservação ambiental às
espécies que estão sendo eliminadas da natureza de forma acelerada.
Os remanescentes da Mata Atlântica situam-se principalmente nas
Serras do Mar e da Mantiqueira, de relevo acidentado, além de pequenos
trechos, contudo, consideráveis, no Sul da Bahia, destacando-se a cidade
de Ilhéus, citada constantemente nos romances do escritor brasileiro
Jorge Amado.
Exemplos claros da destruição da mata são a Ilha Grande, Serra da Bocaina e muitas regiões do estado do Rio de Janeiro.
Entre 1990 e 1995, cerca de 500.317 ha foram desmatados. É a segunda
floresta mais ameaçada de extinção do mundo. Este ritmo de desmatamento é
2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.
Em relação à exuberância do passado, poucas espécies sobreviveram à
destruição intensiva. Elas se encontram nos estados do Rio de Janeiro,
Minas Gerais, São Paulo e Paraná, sendo que existe a ameaça constante da
poluição e da especulação imobiliária.
CaracterísticasMata Atlântica em 1500 | |
---|---|
Estado | Área de domínio |
Alagoas | 53% |
Bahia | 33% |
Ceará | 3% |
Espírito Santo | 100% |
Goiás | 3% |
Mato Grosso do Sul | 18% |
Minas Gerais | 46% |
Paraíba | 12% |
Paraná | 98% |
Pernambuco | 18% |
Piauí | 9% |
Rio de Janeiro | 100% |
Rio Grande do Norte | 6% |
Rio Grande do Sul | 48% |
Santa Catarina | 100% |
São Paulo | 68% |
Sergipe | 54% |
As áreas de domínio (área cuja vegetação clímax era esta formação
vegetal) abrangia total ou parcialmente dezessete estados, conforme
mostrado na tabela ao lado.
A área original era 1.315.460 km², 15% do território brasileiro.
Atualmente o remanescente é 102.012 km², 7,91% da área original.
Ecossistemas do bioma da Mata AtlânticaDefinidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992:
- Floresta Ombrófila Densa
- Floresta Ombrófila Aberta
- Floresta Ombrófila Mista
- Floresta Estacional Decidual
- Floresta Estacional Semidecidual
- Mangues
- Restingas
A proteção do CONAMA se estende não só à mata primária, mas também
aos estágios sucessionais em áreas degradadas que se encontram em
recuperação. A mata secundária é protegida em seus estágios inicial,
médio e avançado de regeneração.
Biodiversidade
Aspecto geral |
Nas
regiões onde ainda existe, a Mata Atlântica caracteriza-se pela
vegetação exuberante, com acentuado higrofitismo. Entre as espécies mais
comuns encontram-se algumas briófitas, cipós, e orquídeas.
A fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande
variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies. É uma
das áreas mais sujeitas a precipitação no Brasil. As chuvas são
orográficas, em função das elevações do planalto e das serras.
A biodiversidade da Mata Atlântica é semelhante à biodiversidade da
Amazônia. Há subdivisões do bioma da Mata Atlântica em diversos
ecossistemas devido a variações de latitude e altitude. Há ainda
formações pioneiras, seja por condições climáticas, seja por
recuperação, zonas de campos de altitude e enclaves de tensão por
contato. A interface com estas áreas cria condições particulares de
fauna e flora.
A vida é mais intensa no estrato alto, nas copas das árvores, que se
tocam, formando uma camada contínua. Algumas podem chegar a 60 m de
altura. Esta cobertura forma uma região de sombra que cria o microclima
típico da mata, sempre úmido e sombreado. Dessa forma, há uma
estratificação da vegetação, criando diferentes habitats nos quais a
diversificada fauna vive. Conforme a abordagem, encontram-se de seis a
onze estratos na Mata Atlântica, em camadas sobrepostas.
Da flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas
ou seja só existem na Mata Atlântica. Das bromélias, 70% são endêmicas
dessa formação vegetal, palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies
vegetais sejam endêmicas da Mata Atlântica.
Observa-se também que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos,
inclusive mais de 15% dos primatas, como o Mico-leão-dourado. Das aves
160 espécies, e dos anfíbios 183, são endêmicas da Mata Atlântica.
Flora
A exuberância da biodiversidade.
|
Orquídea
|
Bromélias
|
Se
você fizer uma viagem do nordeste ao sul do Brasil, pelo litoral e
pelos planaltos interioranos, não irá admirar simplesmente a bela
paisagem da Mata Atlântica, mas sim uma série de ecossistemas com
características próprias como a Ombrófila Densa, Ombrófila Mista,
Estacional Semidecidual, Estacional Decidual, além de ecossistemas
associados como os campos de altitude, brejos interioranos, manguezais,
restingas e ilhas oceânicas no litoral.
Tal
variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é
composta por uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se
interligam, acompanhando as características climáticas das regiões onde
ocorrem e tendo como elemento comum a exposição aos ventos úmidos que
sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de animais, o fluxo
gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas
se encontram e se transformam.
É fácil
entender, portanto, porque a Mata Atlântica apresenta estruturas e
composições florísticas tão diferenciadas. Uma das florestas mais ricas
em biodiversidade no Planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de
plantas lenhosas (angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da
Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas,
além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários outros
grupos de plantas.
Para se
ter uma ideia do que isso representa, em toda a América do Norte são
estimadas 17.000 espécies existentes, na Europa cerca de 12.500 e, na
África, entre 40.000 e 45.000.
Mas a Mata Atlântica encontra-se em um estado de intensa fragmentação e destruição, iniciada com a exploração do Pau-Brasil no século XVI.
Até
hoje, ao longo do bioma são exploradas inúmeras espécies florestais
madeireiras e não madeireiras como o caju, o palmito-juçara, a
erva-mate, as plantas medicinais e ornamentais, a piaçava, os cipós,
entre outras. Se por um lado essa atividade gera emprego e divisas para a
economia, grande parte da exploração da flora atlântica acontece de
forma predatória e ilegal, estando muitas vezes associada ao tráfico
internacional de espécies.
Contribuem
ainda para o alto grau de destruição da Mata Atlântica, hoje reduzida a
8% de sua configuração original, a expansão da indústria, da
agricultura, do turismo e da urbanização de modo não sustentável,
causando a supressão da biodiversidade em vastas áreas, com a possível
perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela ciência,
influindo na quantidade e qualidade da água de rios e mananciais,
diminuindo a fertilidade do solo, bem como afetando características do
microclima nesses delicados ecossistemas e contribuindo com o problema
do aquecimento global.
Os
números impressionantes da destruição do bioma demonstram a deficiência
das políticas de conservação ambiental no país e a precariedade do
sistema de fiscalização dos órgãos públicos.
A busca de um contexto de desmatamento zero no bioma passa pela adoção de critérios de sustentabilidade em todas as atividades humanas. Isso significa um esforço coletivo da indústria, do
comércio, da agricultura e do setor energético na adoção de novos
modelos de produção, menos agressivos ao meio ambiente, bem como do
poder público, no sentido de garantir a fiscalização ambiental
e a elaboração e cumprimento das leis, e finalmente a conscientização
dos cidadãos em geral acerca da necessidade de se fazer o
reflorestamento utilizando mudas principalmente de espécies endêmicas e
nativas que ainda não foram extintas, exigindo padrões de sustentabilidade enquanto consumidores, cobrando os governantes e se mobilizando
pela manutenção da floresta de pé e pela recuperação das áreas
degradadas. Além disso, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades
de atividades econômicas, que não implicam na destruição do meio
ambiente e em alguns casos podem gerar renda para as comunidades locais e
tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir
remédios, matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes,
essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda a
exploração de árvores por meio do corte seletivo para a produção de
móveis certificados, o chamado manejo sustentável, o ecoturismo e mais
recentemente o mercado de carbono.
- Principais exemplos vegetais: Pau-Brasil, Cedro, canela, ipê, jacarandá , jatobá, jequitibá, palmeira, epífitas (orquídeas e outros), cipós etc.
Fauna
|
Mico-leão-dourado
|
|
Mico-leão-dourado,
onça-pintada, bicho-preguiça, capivara. Estes são alguns dos mais
conhecidos animais que vivem na Mata Atlântica. Mas a fauna do bioma
onde estão as principais cidades brasileiras é bem mais abrangente do
que nossa memória pode conceber. São, por exemplo, 261 espécies
conhecidas de mamíferos. Isto significa que, se acrescentássemos à nossa
lista inicial o tamanduá-bandeira, o tatu-peludo , a jaguatirica, e o
cachorro-do-mato, ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total
de espécies dessa classe na Mata Atlântica.
O mesmo
acontece com os pássaros, répteis, anfíbios e peixes. A garça, o
tiê-sangue, o tucano, as araras, os beija-flores e periquitos. A
jararaca, o jacaré-do-papo-amarelo, a cobra-coral, o sapo-cururu, a
perereca-verde e a rã-de-vidro. Ou peixes conhecidos como o dourado, o
pacu e a traíra.
Esses
nomes já são um bom começo, mas ainda estão longe de representar as 1020
espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes
que são conhecidos até hoje no bioma. Sem falar de insetos e demais
invertebrados e das espécies que ainda nem foram descobertas pela
ciência e que podem estar escondidas bem naquele trecho intacto de
floresta que você admira quando vai para o litoral.
Outro
número impressionante da fauna da Mata Atlântica se refere ao endemismo,
ou seja, as espécies que só existem em ambientes específicos dentro
desse bioma. Das 1711 espécies de vertebrados que vivem ali, 700 são
endêmicas, sendo 55 espécies de mamíferos, 188 de aves, 60 de répteis,
90 de anfíbios e 133 de peixes. Os números impressionantes são um dos
indicadores desse bioma como o de maior biodiversidade na face da Terra.
A
grande riqueza da biodiversidade na Mata Atlântica também é responsável
por surpresas, como as descobertas de novas espécies de animais.
Recentemente, foram catalogadas a rã-de-alcatráses e a rã-cachoeira, os
pássaros tapaculo-ferrerinho e bicudinho-do-brejo, os peixes Listrura boticario e o Moenkhausia bonita, e até um novo primata, o mico-leão-de-cara-preta, entre outros habitantes.
Num
bioma reduzido a cerca de 8% de sua cobertura original é inevitável que a
diversidade faunística esteja pressionada pelas atividades humanas. A
Mata Atlântica abriga hoje 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no
Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Causas
para o desaparecimento de espécies e indivíduos são a caça e a pesca
predatórias, a introdução de seres exóticos aos ecossistemas da Mata
Atlântica, mas principalmente a deterioração ou supressão dos habitats
dos animais, causados pela expansão da agricultura e pecuária, bem como
pela urbanização e implementação mal planejada de obras de
infra-estrutura.
No caso
dos anfíbios, por exemplo, seus locais de procriação, como brejos e
áreas alagadas, são muitas vezes considerados um empecilho e são
eliminadas do meio ambiente através de práticas de drenagem ou então
esses locais são até utilizadas para despejo de esgoto. Os anfíbios são
animais de extrema importância para o equilíbrio das populações das
espécies que se relacionam nas teias alimentares, pois controlam a
população de insetos e outros invertebrados e servem de comida para
répteis, aves e mamíferos.
A
proteção da fauna e da flora está diretamente relacionada à proteção do
meio ambiente onde essas espécies convivem, se relacionam e sobrevivem.
Em paralelo, outras medidas importantes são a fiscalização da caça, da
posse de animais em cativeiro, do comércio ilegal de espécies
silvestres; fiscalização efetiva da atividade pesqueira; e realização de
programas de educação ambiental junto à população visando a
conscientização da população humana, acerca da necessidade de preservar o
meio ambiente estabelecendo limites para a ocupação do solo e
incrementando a formação de novas áreas de preservação ambiental em
todos os municípios situados dentro desse delicado bioma da Mata
Atlântica.
No que
se refere à legislação, a proteção da fauna está prevista em nível
federal na Constituição pela Lei 5.197/67 e também pela Lei de Crimes
Ambientais (9.605/98). Iniciativas de caráter global com desdobramentos
de ação regional e local, como a Agenda 21, também são um instrumento de
apoio para a proteção da fauna. Mas todos esses elementos dependem da
vontade política dos governantes, da conscientização, mobilização e
participação dos cidadãos e divulgação do conceito de sustentabilidade
nas atividades econômicas.
- Principais exemplos de fauna: macacos, preguiças, onças, jaguatiricas, papagaios, araras, tucanos, cobras, cachorros-do-mato, porcos-do-mato, lagartos, grande diversidade de pássaros e insetos etc.
Espécies endêmicas ameaçadas de extinção
É
possível que muitas espécies tenham sido extintas sem mesmo terem sido
catalogadas. Estima-se que 269 espécies de animais, sendo 88 de aves
endêmicas da Mata Atlântica, estão ameaçadas de extinção. Segundo o
relatório mais recente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - Ibama, entre essas espécies estão o
muriqui, mico-leão-dourado, bugio,entre outros.
Água
Cachoeira - Serra do Mar |
As
regiões da Mata Atlântica têm alto índice pluviométrico devido às
chuvas de encosta causadas pelas montanhas que barram a passagem das
nuvens.
É comum
pensarmos na complexidade de um bioma por aspectos de sua fauna e
flora, mas um elemento fundamental para a existência da biodiversidade é
a água. E se a água é essencial para dar vida a um bioma como a Mata
Atlântica, suas florestas têm um papel vital para a manutenção dos
processos hidrológicos que garantem a qualidade e volume dos cursos
d'água. Além disso, as atividades humanas desenvolvidas dentro do bioma
também dependem da água para a manutenção da agricultura, da pesca, da
indústria, do comércio, do turismo, da geração de energia, das
atividades recreativas e de saneamento.
Atualmente,
um conceito-chave para se estudar a relação entre a água, a
biodiversidade e as atividades humanas é o da bacia hidrográfica, ou
seja, o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes
e subafluentes. Na Mata Atlântica estão localizadas sete das nove
grandes bacias hidrográficas do Brasil, alimentadas pelos rios São
Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Ribeira de Iguape e Paraná. As
florestas asseguram a quantidade e qualidade da água potável que
abastece mais de 110 milhões de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil
municípios inseridos no bioma.
Mas o
fato de 61% da população brasileira estar concentrada em regiões de
domínio da Mata Atlântica resulta em grande pressão sobre a
biodiversidade e os recursos hídricos do bioma, que já enfrenta em
diversas regiões problemas de crise hídrica, associados à escassez, ao
desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.
Em
relação à escassez, as causas envolvem o aumento do consumo que
acompanha o crescimento populacional, o desmatamento e a poluição,
associados ao desenvolvimento desordenado das cidades e a impactos das
atividades econômicas, além do desperdício e da falta de políticas
públicas que estimulem o uso sustentável, a participação da sociedade na
gestão dos recursos hídricos e a educação ambiental.
Quanto
ao desperdício, estima-se que no Brasil o índice de perda chegue a 70%,
sendo que 78% de toda a água consumida é utilizada no ambiente
doméstico. Associado ao desperdício também está o mau uso dos recursos
hídricos, como no caso de técnicas ultrapassadas para irrigação na
agricultura e para o uso na indústria e a opção ainda tímida pelo reuso
da água.
Finalmente,
destaca-se o desmatamento como fator agravante da crise hídrica, já que
a supressão da vegetação, principalmente em áreas de mata ciliar,
acarreta no assoreamento dos cursos d'água e até desaparecimento de
mananciais. Como se não bastasse, a poluição por esgoto, lixo e
agrotóxicos afeta a vida dos rios, podendo levá-los à morte e tornando a
água imprópria para uso.
Em
busca de maneiras de se gerir mais eficientemente a água e promover a
preservação ambiental, o conceito das bacias hidrográficas vem sendo
trazido, desde a década de 1970, para a esfera governamental e também
para estratégias de conscientização, mobilização e participação pública.
A ideia
central dessa abordagem é que todo desenvolvimento de regiões
urbanizadas e rurais é definido de acordo com a disponibilidade de água
doce, em termos de quantidade e qualidade. Também faz parte desse
pensamento o entendimento dos recursos hídricos de modo interligado e
interdependente, ou seja, uma ação realizada em determinada região de
uma bacia pode afetar outra região, como é o caso de lançamento de
esgoto em rios, a contaminação por agrotóxicos, obras de infra-estrutura
etc.
O
processo político decorrente dessa visão sobre a água resultou entre
outros desdobramentos na criação da Lei 9.433/97, que estabelece a bacia
hidrográfica como unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Faz parte do sistema, uma rede de colegiados
deliberativos em nível federal e estadual, que são os chamados Comitês
de Bacias Hidrográficas.
Os
comitês representam a base da gestão participativa e integrada dos
recursos hídricos e são compostos por integrantes do Poder Público, da
sociedade civil e de usuários de água. Além disso, os comitês permitem o
levantamento mais preciso e a compilação de informações sobre cada
bacia, facilitando o planejamento sobre captação, abastecimento,
distribuição, despejo e tratamento da água, otimizando obras de
infra-estrutura e o uso do dinheiro público. Desse modo, tornam-se um
instrumento para a elaboração de políticas públicas integradas para
gestão dos recursos hídricos.
Recordes mundiais da Mata Atlântica
- 454 espécies de árvores por hectare — no Sul da Bahia.
- Animais: aproximadamente 1.600.000 espécies, incluindo insetos
- Mamíferos, aves, répteis e anfíbios: 1361 espécies, 567 endêmicas
- 2 % de todas as espécies do planeta somente para estes grupos de vertebrados
- 3% felinos
Preservação
Por do sol |
Atualmente existem menos de 10% da mata nativa. Dos 232.939
fragmentos florestais acima de 3 hectares existentes na Mata Atlântica,
apenas 18.397 são maiores que cem hectares ou 1 km².
Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que
esbarram sempre na urbanização e o não planejamento do espaço,
principalmente na região Sudeste. Existem algumas áreas de preservação
em alguns trechos em cidades como São Sebastião (litoral norte de São
Paulo). A nível nacional, graças aos inúmeros parques e bosques dentro
de seu perímetro urbano, Curitiba é a cidade brasileira onde a mata
atlântica está melhor preservada.
No
Paraná, graças à reação cultural da população, à criação de APA's
(Áreas de Preservação Ambiental), apoiadas por uma legislação rígida e
fiscalização intensiva dos cidadãos, aparentemente a derrubada da
floresta foi freada e o pequeno remanescente dessa vegetação preserva um
alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as
orquídeas e as bromélias.
Um
trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Florestal de São
Paulo mostrou que, neste início de século, a área com vegetação natural
em São Paulo aumentou 3,8% (1,2 quilômetro quadrado) em relação à
existente há dez anos. O crescimento, ainda tímido, concentrou-se na
faixa de Mata Atlântica, o ecossistema mais extenso do estado.
A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional,
junto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata secundária é
regulamentada por leis posteriores, já a derrubada da mata primária é
proibida.
A
Política da Mata Atlântica (Diretrizes para a política de conservação e
desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a
preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos
recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.
Há
milhares de ONGs, órgãos governamentais e grupos de cidadãos espalhados
pelo país que se empenham na preservação e revegetação da Mata
Atlântica. A Rede de ONGs Mata Atlântica tem um projeto de monitoramento
participativo, e desenvolveu com o Instituto Socio-Ambiental um dossiê
da Mata, por municípios do domínio original.
Unidades de Conservação
O Parque das Dunas em Natal é uma das maiores unidades de conservação da mata atlântica do Brasil. |
No
domínio da Mata Atlântica existem 131 unidades de conservação federais,
443 estaduais, 14 municipais e 124 privadas, distribuídas por dezesseis
estados, com exceção de Goiás. Entre elas destacam-se, de norte a sul:
- Parque das Dunas, estadual, Rio Grande do Norte;
- Jericoacoara, federal, Ceará;
- Chapada do Araripe, Pernambuco, Piauí e Ceará;
- Jardim Botânico Benjamim Maranhão, João Pessoa, Paraíba;
- Reserva Biológica Guaribas, Mamanguape, Paraíba;
- APA da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, Paraíba;
- Parque Nacional da Chapada Diamantina, federal, Bahia;
- Parque Marinho dos Abrolhos, federal, Bahia;
- Parque Estadual da Pedra Azul, estadual, Espírito Santo;
- Parque Estadual Paulo César Vinha, estadual, Espírito Santo;
- Mosteiro Zen Morro da Vargem, municipal, Espírito Santo;
- Parque Nacional do Caparaó, federal, Espírito Santo e Minas Gerais;
- Santuário do Caraça, privada, Minas Gerais
- Parque Estadual do Rio Doce, estadual, Minas Gerais
- Parque Nacional da Serra de Itabaiana, federal, Sergipe
- Serra do Cipó, federal, Minas Gerais
- Serra da Bodoquena, federal, Mato Grosso do Sul
- Parque Estadual dos Três Picos, estadual, Rio de Janeiro
- Reserva Natural Vale do Rio Doce, Linhares, Espírito Santo
- Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, estadual, Santa Catarina
- Serra dos Órgãos, federal, Rio de Janeiro;
- Parque da Tijuca, federal, Rio de Janeiro;
- Parque Estadual da Serra da Tiririca, estadual, Rio de Janeiro;
- Parque Municipal da Grota, municipal, Mirassol, São Paulo;
- Parque do Itatiaia, Minas Gerais e Rio de Janeiro;
- Parque do Sabiá,Uberlândia-Minas Gerais;
- Serra da Bocaina, Rio de Janeiro e São Paulo;
- Serra da Cantareira, São Paulo, São Paulo;
- Parque Estadual Morro do Diabo, Teodoro Sampaio, São Paulo;
- Serra da Mantiqueira, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo;
- APA Petrópolis, Parque Natural Municipal da Taquara, Rio de Janeiro;
- Ilha Queimada Pequena e Ilha Queimada Grande, federal, São Paulo;
- Parque da Cantareira, estadual, São Paulo;
- Estação Ecológica da Juréia-Itatins, estadual, São Paulo;
- Ilha Anchieta, estadual, São Paulo;
- Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo;
- Parque Estadual de Ilhabela, São Paulo;
- Parque Iguaçu, federal, Foz do Iguaçu, Paraná;
- Ilha do Mel, estadual, Paraná;
- Parque Nacional da Serra do Itajaí, federal, Santa Catarina;
- Serra Geral, estadual, Rio Grande do Sul;
- RPPN da Unisc, Reserva Particular do Patrimônio Natural Rio Grande do Sul;
- RPPN Rio das Lontras, Reserva Particular do Patrimônio Natural, Santa Catarina;
- Parque Municipal de Maceió, Alagoas;
- Estação ecológica de Murici, Alagoas;
Importância econômica
Da população brasileira, 61% vive na área de domínio da Mata Atlântica,
que mantém as nascentes e mananciais que abastecem as cidades e
comunidades do interior, regula o clima (temperatura, umidade, chuvas) e
abriga comunidades tradicionais, incluindo povos indígenas.
Entre
os povos indígenas que vivem no domínio da Mata Atlântica estão os
Wassu, Pataxó, Tupiniquim, Gerén, Guarani, Krenak, Kaiowa, Nandeva,
Terena, Kadiweu, Potiguara, Kaingang,guarani M'Bya e tangang.
Entre os usos econômicos da mata estão as plantas medicinais (a maioria não estudadas), como espinheira-santa, caixeta, e o turismo ecológico.
Fonte: http://www.ibflorestas.org.br/bioma-mata-atlantica.html
1 comments:
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Bjks
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